Influências e Estilos Musicais
Na Azeituna sempre procurámos, e procuraremos, beber de todos os estilos musicais que nos dizem algo e que nos tocam na alma. Por isso nunca poderemos definir um só estilo e dizer pronta e sinteticamente qual é a nossa linha musical, simplesmente porque ela estará em constante mutação. E ainda bem! No entanto, como qualquer empreendimento, podemos descrever os seus alicerces, as suas traves mestras, as paredes e os materiais usados, o design e os tons que dão cor à música que fazemos. Música que é, no fim de contas, o principal motivo, para além de todos os outros não menos importantes, pelo qual celebramos anualmente a nossa existência, cheia de cantigas, concertos, festivais, digressões e álbuns gravados.
Antes de mais convém sermos frontais: uma tuna não é uma orquestra; uma tuna não é uma orquestra; uma tuna não é uma orquestra. Quem quiser assistir a demonstrações de virtuosismo e a selecções musicais criteriosas tem que ir ao Teatro Nacional de São Carlos. Quem quiser isso tudo e for rico pode ir ao Scala de Milão.
Tendo que eleger um estilo para definir o alicerce daquilo que tocamos, então temos que falar da música tradicional do noroeste peninsular e das suas raízes marcadamente celtas. Não podemos nem queremos fugir do nosso passado e daquilo que nos corre nas veias. Assumimos, com especial prazer e responsabilidade, a militância de fazer perdurar a música de raiz tradicional da nossa região e os instrumentos que lhe dão vida.
Gostamos de nos revestir de toda a alegria e colorido dessa música e instrumentos, e pretendemos transmitir essas emoções tanto às novas gerações do nosso país como aos povos por esse mundo fora, onde este género musical nos identifica e realiza, porque faz parte da nossa própria personalidade e da nossa identidade.
Seguindo as pisadas do saudoso Zeca Afonso, que teve um papel fundamental na revitalização e recriação da música de raiz tradicional, também nós procuramos mostrar quem somos e de onde vimos com os nossos instrumentos seculares, as nossas músicas ancestrais e as criações, nossas e de outros, onde estejam bem vincadas essas sonoridades. Para além de tudo isto desenvolvemos desde cedo pontes com uma cultura onde a raiz celta perdura bem marcada, a Irlanda, onde estivemos três vezes durante os primeiros anos de existência (1993, 1994 e 1995). Não é também por acaso que o festival, que anualmente organizamos no mítico Theatro Circo, tem a abreviatura de CELTA.
Como traves mestras, temos igualmente que falar da música ligeira portuguesa em geral (dos anos 30 até aos dias de hoje) e da sua enorme qualidade, à qual nunca tivemos medo de emprestar os nossos arranjos ou de incluir no nosso reportório. Desde as bandas sonoras da época de ouro do cinema e teatro portugueses, às grandes músicas que passaram pelos saudosos festivais RTP da canção, passando por grandes cantautores de referência para nós, como Carlos Paião, Paulo de Carvalho, António Variações, Rui Veloso, Jorge Palma e Pedro Abrunhosa e as grandes bandas de celebração dessa mesma música como Resistência, Heróis do Mar e Trovante, entre tantos outros que nos inspiraram, inspiram e inspirarão. Acreditamos que fazem já parte da identidade portuguesa, tanto musical como cultural.
Embarcámos na viagem da música nacional dita ligeira, desde a produzida há algumas décadas até às sonoridades Pop/Rock mais contemporâneas, com a qual, há muito, soltámos amarras, criando e recriando aquilo que o sentimento e a habilidade nos foram permitindo. Somos assumidamente um grupo de fusão e experimentação que foi aprendendo com o tempo, uns com os outros, com um amadorismo de quem muito ama aquilo que faz.
Não temos problemas em fazer (ou no mínimo tentar fazer) algo diferente da suposta “música de tuna” e tentamos criar e adaptar sem preconceitos e sem medo daquilo que outros possam pensar. Para nós não existem essas grilhetas porque, acima de tudo, somos um grupo de amigos que gosta de tocar todas as músicas que também gosta de ouvir, tentando enquadrá-las da melhor maneira possível com os instrumentos e polifonias vocais de que dispõe.
O que realmente queremos é transmitir algo com o que cantamos, seja uma forma de ser, uma mensagem ou um sentido. Assim cumpriremos a nossa existência!