Os Instrumentos e os Arranjos
Depois dos estilos, importa falar nos materiais que usamos para fazer a nossa música. Eles são variados e para além das fundamentais Vozes, nunca fechamos as portas a novas sonoridades e a novos instrumentos. É um facto que as grandes pedras basilares são os cordofones e tendo que definir uma base, então é esta: desde os mais tradicionais como o Cavaquinho e a Braguesa, embaixadores da cultura minhota em particular e portuguesa em geral, aos mais europeus como os Bandolins e as Bandolas, também com uma afinidade muito grande com a nossa cultura tradicional. As Guitarras Clássicas e o Contrabaixo completam a base. Há no entanto outros cordofones que usamos: a Guitarra Portuguesa, o Violino, o Bouzouki Irlandês (nascido da fusão do braço do bouzouki grego com a caixa da guitarra portuguesa, inventado em meados do século XX na Irlanda e tocado hoje em dia por quase todas as bandas da Folk Music) e mais recentemente o Violoncelo. As Gaitas de Fole galega/minhota e as flautas dão-nos o sopro do celtismo que nos corre no sangue e não dispensamos o seu uso em músicas do género. Finalmente as percussões, que têm assumido cada vez mais importância no pulsar da nossa música: a tradicional Pandeireta de pele, usada pelos pandeiretas nas suas acrobacias, os Bombos e Timbalões tradicionais, o Triângulo (ferrinhos), a Tarola (caixa de guerra) e os Pratos, o Udo (bilha), os Tan-Tans e Pandeiros brasileiros que enchem de tropicalidade as nossas músicas, os Bongós, os Djambés, os Wind-Chimes, os Shakers e qualquer outro instrumento ou coisa que seja percutível!
Ao longo destes 20 anos, a Azeituna tem funcionado também como escola de música e grande parte de nós foi aprendendo a tocar os vários instrumentos que estão ali “à mão de semear”, além do desenvolvimento de alguns “dotes” de composição e de orquestração.
Como diria Sérgio Lucas “Metrónomo”, numa das suas eternamente inventadas estatísticas: “Sabiam que cientistas americanos descobriram que 87% dos Azeitunos não sabiam tocar nem cantar um chavelho quando entraram para a tuna? Sim. Os americanos disseram mesmo chavelho”.
Este pormenor acompanhou e ainda acompanha a vida da Azeituna. Não é por não ser o melhor cantador ou tocador que os candidatos à Azeituna são rejeitados. O crescimento pessoal dentro de portas, que ocorre mais cedo ou mais tarde, acaba por ser uma mais-valia para o processo colectivo de evolução musical da tuna. A Azeituna acaba por ser um exemplo do tanto que se pode fazer com, aparentemente, tão pouco. O conjunto vale sem dúvida muito mais do que a soma das partes.